Coisas que só acontecem com a gente
Uma história verídica protagonizada por Eduardo, o viajante azarado
5 de
janeiro de 2021.
4:25h.
Foi uma noite de sono intermitente, intercalando cochilos e consultas ao Flightradar. Sempre fico nervosa quando o voo se aproxima da linha do Equador, ali, naquele traçado imaginário, onde os ventos alísios sopram, causando turbulências terríveis. Começo a me tranquilizar quando avisto Tenerife e Funchal no mapa, na aproximação à costa da África. “Pelo menos já tem onde pousar numa emergência”, sempre penso, na minha profunda ignorância aeronáutica.
Quase lá! |
Quando o aviãozinho amarelo começa a embicar em direção à Lisboa, e o status do voo finalmente acusa a aterrissagem, é que respiro em paz. Pego e celular e mando uma mensagem:
-
Bem-vindo, amor!
Embaixo, envio
um printscreen da previsão do tempo. 4Cº.
- Que
friiio! – escrevo na legenda.
A mensagem
só é visualizada pouco mais de uma hora depois, tempo necessário para
desembarcar, passar pela Imigração e comprar o chip do celular na saída
do Humberto Delgado; para mim, no Brasil, tempo suficiente para mais um
cochilo.
- Oi,
cheguei bem! Tô no trem, sentido São Sebastião, indo para o hotel – responde o
Eduardo.
- Tá bom,
avisa quando chegar.
Passados alguns minutos, nova notificação do WhatsApp. Uma foto: a porta de vidro do hotel fechada, com tapumes na frente. No vidro, um cartaz alertando para o uso obrigatório de máscara. Tempos de pandemia. Embaixo da foto: 🤔.
Mandou bem, Decolar! |
- Calma, respira. Deve ter outra entrada – pondero.
Abro a foto
novamente. Com os dedos em posição de pinça, amplio a imagem e vejo outro
cartaz afixado na porta de vidro.
“Correio e
encomendas: por favor, entregar no número 134, restaurante Sonho do Almirante”.
- Tenta ir
nesse restaurante da placa, pra ver se sabem o que aconteceu.
- Já fui, o
cara disse que está fechado.
- Tenta
ligar para o telefone do hotel.
- Estou
quase sem bateria, 11 horas de voo, né.
- Então
procura um lugar que tenha tomada pra carregar, senão não vou conseguir falar
contigo. Vou tentar ligar daqui.
Compro
créditos do Skype e tento ligar para o hotel. Diversas vezes.
Nada.
Aciono a
Decolar e coloco no viva-voz enquanto já ligo o computador para ir
providenciando a reserva de outro hotel.
- Amor,
estou tentando resolver. Enquanto isso, procura uma cafeteria pra comer alguma
coisa e carregar teu celular.
- Tô
sentado batendo papo com um português aqui num café. Depois vou ir lá fazer meu
exame.
Eduardo
viajou a Portugal em meio à pandemia da COVID, naquele período em que entrar e
sair de um país era coisa de outro mundo. Precisava ter um (bom) motivo. E ele tinha:
iria se submeter à primeira fase da prova para revalidação do diploma de
Medicina.
Sabe de nada, inocente! |
Para ser
admitido no local da prova, que aconteceria em dois dias, era necessário
apresentar o famigerado “negativo” do exame PCR para COVID. Ainda no Brasil,
deixamos agendado um horário para que ele pudesse se submeter ao exame em um
laboratório no centro de Lisboa, assim que chegasse de viagem. Desse modo,
teria tempo de fazer a testagem, esperar pelo resultado e, com tranquilidade,
enviar o laudo à Universidade onde as provas aconteceriam, com a antecedência
exigida (até 72 horas antes). Com a aparente indisponibilidade do hotel e pelo
avançado da hora, o jeito era dirigir-se diretamente ao laboratório para
realizar o PCR, até que a situação com a hospedagem fosse resolvida.
- Teste
feito – responde ele.
- Ok. Vai
tomar outro café, porque ainda estou tentando resolver com a Decolar.
- Tá, fica
tranquila, está tudo certo. Tô sentado numa praça bonita, olhando os
jacarandás.
A situação
só se resolve no início da tarde, depois de cinco tentativas frustradas de
contato com a Decolar, e mais de uma hora na linha de espera. Precisavam de
tempo para confirmar o óbvio: o hotel estava fechado, por conta da pandemia. Eu
receberia o estorno do valor pago pelo cartão de crédito, e precisaria
providenciar a reserva em outra hospedagem; se o valor fosse maior, um pedido
de reembolso teria de ser formalizado posteriormente (o consumidor que lute¹). Assim
foi feito.
- Cheguei,
tudo certo na nova hospedagem – 🙏.
- Que bom!
Agora é só descansar.
- Sim, tô
podre. Dor nos pés e no braço, de carregar a mala pra cima e pra baixo... Só
fica de olho no meu e-mail; nunca consigo acessar ele quando viajo, por
causa da autenticação de dois fatores. Sempre esqueço de desativar.
- Pode
deixar – respondo.
Apesar do
percalço com o hotel, tudo parecia estar correndo conforme o planejado. Eduardo
conseguiu realizar o exame no laboratório, e essa era a minha maior
preocupação, pois o agendamento tinha sido feito à distância. Estávamos lidando
com uma instituição estrangeira em tempos de incerteza causada pela pandemia.
Alguma coisa sempre podia sair errado.
De fato, no
final daquele dia, as coisas começaram a desandar.
Eu estava
em casa no início da noite, resolvendo alguma coisa pelo computador, quando o
alarme do Outlook do Eduardo apitou. A bandeirinha da notificação já
indicava tratar-se de um e-mail do laboratório. “Maravilha” – penso eu –
“O resultado saiu antes do esperado”.
Só que o
resultado não era o que eu esperava.
No laudo de meia página, um categórico “Positivo” estava associado ao campo “resultado”.
Como dizia minha vó: "Meu Jesus amado!" |
Não acreditei.
Li e reli aquele
laudo várias vezes. A cada leitura, o calorão subindo do estômago em direção ao
rosto; o coração acelerado de pavor e incredulidade.
Levantei.
Sentei.
Levantei
novamente.
Peguei o
celular para ligar para ele. “Não, lá já é tarde da noite. Ele deve estar
dormindo. Não adianta alarmar por nada”, ponderei.
Passamos a
noite em claro, eu e minha mãe, elucubrando sobre os possíveis motivos daquele
positivo, ao mesmo tempo em que tentávamos encontrar um laboratório com
agendamento online para que ele pudesse submeter-se a um novo teste no
dia seguinte.
Nada.
A maioria
dos laboratórios ainda estava se adaptando à nova demanda por testes de COVID,
e só realizava agendamentos por e-mail, o que significava que eu teria
de esperar a manhã seguinte para tentar contato.
Mas a manhã
seguinte era longe demais.
Continuei a
procurar.
Procurei.
Procurei.
Procurei.
Até que
achei.
No
simpático site amarelo de um laboratório português, a agenda online
abriu, nela se destacando o único horário disponível para a realização do exame
no dia seguinte. Com a visão turva de tanto encarar a tela do computador,
conferi compulsivamente a data e o horário que se abriu como o Mar Vermelho
diante de meus olhos, e pressionei com vontade o dedão contra o mouse para
assegurar aquele agendamento, como se alguém pudesse passar na frente e
arrancar a ficha da minha mão.
Então
precisei esperar o Eduardo acordar para dar a notícia.
Que noite
que custou a passar, meu Deus!
03:00h no
Brasil. 06:00h da manhã em Portugal. O máximo que consegui esperar.
Então fiz
uma chamada de vídeo.
Ele ainda
não tinha saído da cama. A cara estava inchada de tanto dormir; a voz ainda se
restabelecendo de um sono visivelmente restaurador, compensando o cansaço da
viagem do dia anterior; o cabelo com o topete estilo calopsita.
- Bom dia,
amor. Tudo bem? – comecei a conversa.
-
Oi............. Tudo......... Oi............ Que horas são? – respondeu Eduardo
pausadamente, esfregando os olhos, ainda em processo de despertar. Eduardo é
assim quando despertado de forma abrupta: fica paradinho, imóvel, encarando
pessoas e coisas com cara de pastel, como que esperando os circuitos cerebrais
se reconectarem.
- 03:00h
aqui. Aí, provavelmente 6.
- Nossa...
Aconteceu alguma coisa?
- Então,
amor. Primeiro, eu quero saber como tu está se sentido. Está tudo bem contigo?
- Tô,
claro.
- Dor de
cabeça? Garganta? Falta de ar?
- Claro que
não! O que houve, Milena?!
- É que
assim, amor... Teu exame da COVID deu positivo. Mas fica calmo, eu já
providenciei tudo pra você fazer um novo teste hoje.
- Não
acredito, Milena. Tu está brincando comigo!
- Não tô,
não.
Então bateu
a revolta. Cinco minutos de um “não acredito” atrás do outro. Muitas
justificativas possíveis.
“Mas nós
ficamos em quarentena antes de viajar”.
“O teste
deve estar errado”.
“Mal saímos
de casa nos últimos quinze dias”.
“Usei a
máscara da M3”.
Depois,
silêncio.
Eduardo
pratica essa filosofia estoica, de aceitar o que não pode ser controlado. Restaurando
a calma e a racionalidade, concorda em refazer o teste, já ciente de que o
resultado, muito provavelmente, não sairia a tempo de ser enviado à Universidade
para que ele pudesse ser aceito no local da prova. Naquele momento, a
preocupação maior era descartar o cientificamente improvável falso positivo, e
garantir que ele tivesse um resultado negativo em mãos, pelo menos para
embarcar no voo de volta.
- No
momento, só quero voltar para casa – confidencia.
Mil
preocupações me passaram pela cabeça; a pior delas, que ele, realmente, tivesse
contraído COVID em um país estrangeiro, sozinho, longe dos meus cuidados, sendo
obrigado a enfrentar uma quarentena. Afora isso, a decepção com o tempo e
dinheiro investido.
- A vida é
assim – repetia ele – Mas puta que pariu, que azar!
Novo teste
PCR.
Mais uma
cotonetada no nariz.
O jeito era
esperar o resultado.
Liguei
várias vezes para ele naquele dia.
Estava
triste, decepcionado, se sentindo o cara mais azarado do mundo, claro. Mas
tranquilo.
- Está
fazendo o que, amor?
- Deitado
na cama do hotel, assistindo um documentário sobre a vida do Muhammad Ali na Netflix
aqui de Portugal. Que história incrível a dele, Milena! Podemos procurar para
assistir quando eu voltar... Tem uma sorveteria com gelato aqui perto. Será que
vou?
Eu invejo
essa capacidade do Eduardo. Enquanto eu me esvaía em mil preocupações, Eduardo
estava lá, tranquilo e sereno, tirando lições de vida do documentário do
Muhammad Ali e pensando em comer gelato do outro lado do Atlântico...
- Pelo
menos não acabei na Zâmbia, sabe? – disse ele, em tom de humor, numa de nossas
muitas conversas naquele período entre a certeza do positivo, e a possibilidade
de um negativo.
O resultado
não saiu naquele dia, como da última vez.
Nem na
manhã seguinte.
Já era
perto do meio-dia em Lisboa. 13:00h era o prazo limite que a Universidade tinha
fixado para que o laudo com o resultado “negativo” fosse enviado. Sem o envio
do laudo, não seria possível realizar a prova no dia seguinte.
- Amor, eu
já estou conformado com isso. Só quero voltar pra casa. Nem estou mais no clima
pra fazer essa prova, mesmo – admitiu ele.
Mas então o
Outlook apitou.
Mensagem do
laboratório.
Lá vamos
nós de novo!
Respira
fundo!
Frio na
barriga.
Taquicardia.
Abro o
laudo com o coração na mão, apertando o rosto com uma das mãos fazendo
biquinho.
- Negativoooo! Deu negativo, amor!
Contando ninguém acredita |
- Jura??? –
questiona ele, do outro lado da linha.
- Juro!
Ainda quer fazer a prova?
- Claro,
né! Eu sabia que tinha sido um falso positivo! Não tô com esse bicho, eu sabia!
Foi o
segundo resultado de exame mais comemorado de nossas vidas. O primeiro foi o
resultado “positivo” do beta HCG.
Corri para
enviar o laudo à Universidade aos 45 do segundo tempo.
A
Universidade confirma o recebimento.
Tudo pronto
para fazer a prova.
No dia
seguinte, acordo desejando boa sorte.
Eduardo
envia uma foto do plenário da Universidade. Todos a postos.
A prova vai começar.
Nada mais pode dar errado. Será? |
....
- Amor, bem
difícil. Tempo curto. Terminei só na hora, lendo tudo por cima. Maaas, vamos
ver, né – responde ele, algumas horas depois.
- Tudo bem,
estamos no lucro. O importante é que tu vai conseguir voltar para o Brasil.
....
E é nesse
momento que você, caro leitor, é levado a pensar: final feliz!
Ledo
engano.
É que, vejam
bem: o voo de retorno estava programado para 10:05h da manhã do dia seguinte. O
teste de PCR negativo era válido até 11:00h daquele mesmo dia. Se o voo
atrasasse por qualquer motivo, existia uma possibilidade, remota, de não
aceitarem a exame e o Eduardo ficar trancado no aeroporto por uma burocracia
qualquer.
A
possibilidade não era tão remota quanto um PCR falso positivo, então resolvi
sugerir que antecipássemos o voo. Encontrei uma passagem promocional da Ibéria
que partia de Lisboa àquela noite. O único inconveniente era uma escala meio curta em
Madri. Comprei, com um certo protesto do Eduardo, que achava desnecessária
tanta preocupação. Ainda assim, aceitou, pela conveniência de chegar em casa um
dia antes. Estava cansado daquela função toda.
O voo
partia às 20:40h. Três horas antes, Eduardo fez o check-out antecipado
do hotel e se dirigiu ao aeroporto. Fez o check-in, passou pela
segurança e entrou na área de embarque. Até teve tempo de comprar pastel de
nata e outras bobagens no freeshop.
19:00h.
19:30h.
20:00h.
O voo
constando como “atrasado” no painel.
- Tô com um
mal pressentimento em relação a esse voo, Milena. Tô achando que não vai sair
ou vai atrasar muito. Estão comentando aqui que o avião nem chegou de Madri,
ainda.
E foi assim
que a nevasca Filomena, a mais forte em 60 anos, fechou o aeroporto de Madri e
cancelou o voo do Eduardo, que não quis sair da zona de embarque para não
perder as compras do freeshop – mesmo que quisesse, dona Ibéria não
tinha ofertado possibilidade de hospedagem (consumidor que lute²). Dormiu lá,
em frente a um dos portões de embarque, aguardando pelo voo do dia seguinte,
bufando de raiva enquanto me dava lição de moral pelo telefone.
Lei de Murphy na prática |
- Viu só o que dá ser tão ansiosa, Milena? Não tinha a menor necessidade de antecipar esse voo. Eu podia estar dormindo no hotel!
Errado não
estava...
Só restava
esperar para que o embarque no dia seguinte desse certo.
Mais uma
noite mal dormida, de sono intermitente – incômodo que nem tive coragem de
comentar com o Eduardo, que, provavelmente, tinha dormido pior do que eu, no
banco duro do aeroporto.
- Avisa
quando embarcar – exigi.
- Já estou
na fila do embarque. Estão falando em overbooking.
- Era só o
que faltava!
-
Embarquei. Claro que uma criança sentou do meu lado. Decerto vai bater no meu
assento o voo inteiro.
- Jesus!
Espera.
Espera.
Espera.
- Eduardo,
tudo certo aí?
- Não, o
embarque fechou e uma pessoa solicitou atendimento médico! Pqp! Só falta esse
cara passar mal durante o voo e termos que pousar em, sei lá, Cabo Verde!
- Mas o
avião ainda está no chão? Eduardo?? Tudo bem?? Me avisa o que está acontecendo!
- Sim, tudo
certo. O cara desceu. Vamos levantar voo, finalmente!
....
Eduardo
chegou em Porto Alegre à noite. Irritado. Cansado. Com fome. Querendo o meu
pescoço pela brilhante ideia de antecipar o voo de volta.
- Tô
fedendo – é a primeira coisa romântica que diz quando me vê – Feliz
aniversário.
Eu já sabia
que ele viria daquele jeito, então me antecipei:
- Obrigada.
Comprei hambúrguer. Vamos comer assistindo um filme? – perguntei.
- Vamos!
O mau humor
do Eduardo é facilmente remediável com um bom filme, hambúrguer e um copo de
coca-cola gelada.
....
Algumas
semanas depois, recebemos a notícia de que menos da metade dos candidatos que
fizeram a prova em Lisboa naquele dia foram aprovados. Eduardo estava incluído
na parte positiva da estatística.
Agora sim,
um final feliz.
....
Sobre a história e seu
protagonista
Isso
tudo aconteceu de verdade. Mas, fora do papel, não foi só um “perrengue chique”.
Na realidade, não teve graça nenhuma; rendeu muito choro, ansiedade e Zolpidem
para dormir.
Mesmo
assim, resolvi contar essa história, por dois motivos:
Primeiro, porque me faz lembrar que existem muitos voos cancelados por trás de cada decolagem.
Segundo, e mais importante, porque representa tudo o que eu mais admiro no Eduardo: a coragem, a paciência, a tranquilidade, a resiliência, a positividade. Muito antes de aprender a colocar gente para dormir, ele já tinha essa capacidade extraordinária de lidar com a adversidade e com a frustração. Um espírito realmente evoluído, que já nasceu pronto para aprender e ensinar.
...
Eduardo é a pessoa mais versátil que eu
conheço. É médico, mas poderia fazer qualquer outra coisa:
- Já fez
curso de eletrônica enquanto eu estava grávida (o sonho de consumo dele é
comprar um arduino e ter uma oficina com milhares de ferramentas, incluindo
material para marcenaria).
- Fez aula
de piano para tocar “The Long and Winding Road”, dos Beatles (o que importa é a
intenção, né?).
- Virou
sócio da Ali Express importando material para aprender a desenhar (naquela fase
em que a Olívia só comia e dormia, dando falsas esperanças de que ele ainda
teria muito tempo para fazer outras coisas, coitado! Hahahaha!).
- Adora
café e queria ser barista. O passatempo dele é moer o café no moedor olhando a
esmo pela sacada (passou lá na frente de casa e viu alguém girando uma
manivela? É o Eduardo moendo café).
- Sabe tudo
de história, mas tem um fascínio pela I e II Guerra Mundial (ele me explica; eu
esqueço; ele jura que não vai explicar pela milésima vez; ele explica tudo de
novo).
- Também
adora economia e queria fazer curso para ser investidor habilitado.
Um sonho? Ter
um telescópio e ser gamer
profissional.
Meta de
vida? Se aposentar e cuidar do jardim.
Leonardo DiCaprio e Eduardo Winslet |
....
Numa de
minhas muitas divagações sobre a vida, perguntei ao Eduardo o que ele dizia aos
pacientes dele quando o questionavam, na condição de médico, se a cirurgia que
estavam prestes a realizar tinha algum risco. Na época, ele anestesiava para a
oncologia. Eram pacientes graves, muitos com quadros clínicos irreversíveis. O
rosto do Eduardo talvez fosse a última imagem que registrariam na memória.
- Eu digo a
eles que tudo na vida implica algum risco. Mas também digo que irei empregar
todo o meu conhecimento, e fazer tudo o que estiver ao meu alcance, para que as
coisas transcorram bem.
- E eles
ficam mais tranquilos?
- Não sei
se mais tranquilos, mas certamente mais confortados pelo tempo que eu me
comprometo a dedicar cuidando deles. Tempo é o que temos de mais precioso para
dar a alguém.
Eduardo sempre
dedica 100% de si onde quer que decida investir seu tempo. É assim nos 18 anos
em que estamos juntos, e não há ninguém mais dedicado, respeitoso e amoroso do que
ele (exceto quando está cansado ou com fome; daí ele fica um porre).
Este é o
33º aniversário do Eduardo, e eu não imaginava que poderia existir uma versão ainda
melhor dele: pai da Olívia.
Eduardo: de
pesado na tua vida, eu desejo que tu só carregues o peso dos teus sonhos, que
tendem a ficar mais leves conforme eles forem se realizando – e eu espero que
todos eles se realizem. Que a vida seja gentil contigo como tu és com aqueles que
te cercam, e que sempre possamos
celebrar juntos, nem que seja necessário um ônibus da Unesul para nos (re)unir.
O tempo passa? Não passa
Carlos Drummond de Andrade
A melhor versão dele |
Feliz 3.3! |
Milena, muito linda e verdadeira sua narrativa… com fome ou sono ele fica insuportável kakak ! Feliz aniversário Edu, muitas alegrias! Te amo ❤️!
ResponderExcluirQue lindo…, conseguiu colocar exatamente como ele é! Parabéns Eduardo querido, continua a ser bem assim como descrito aí!!!
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