Art. 5º, IV - É livre a manifestação do pensamento, mas depende

Causos da Comarca de São Barnabé

O "Proibidão"

Já me perguntaram como eu me organizo nas minhas leituras. Eu gostaria muito de dizer que faço uma criteriosa seleção baseada nos mais refinados critérios literários; que organizo listas; que estipulo metas por gênero, autor e época.

A verdade, a mais pura verdade, é que, apesar do meu TOC, eu sou uma anarquista literária. Vou lendo o que aparece; compro livros sem finalizar a leitura dos que comecei; deixo os livros espalhados pela casa (no móvel de cabeceira, na estante da sala, em cima da mesa de jantar, atrás do sofá, até no banheiro).

Faço mais: os marcadores de página eu perco todos. Vou guardando as páginas com o que aparecer pela frente: celular, controle remoto, receita de remédio, caneta, borracha. Ficam todos lá, dentro do livro, por mais rotundo que seja o objeto, estufando as folhas.

Tudo isso para dizer que eu leio o que me dá vontade de ler. E essa predisposição pode estar relacionada, ou não, ao que estou vivendo. Então, sim, algumas escolhas literárias são feitas com um viés de confirmação.

Minha última leitura foi mais ou menos assim...

“Causos da Comarca de São Barnabé” narra, em forma de paródia, a rotina (circense) de advogados, juízes e servidores na comarca de São Barnabé, situada no estado fictício de Santa Ignorância, Estado da República Federativa de Banalândia.

O livro foi escrito pela advogada Saíle Bárbara Barreto e deu o que falar: a autora foi condenada a pagar indenização a um juiz que se identificou com o personagem mais corrupto e politicamente incorreto do livro (leiam aqui). 

Liberdade de expressão mandou lembranças!

Agora a resenha sem rodeios: o livro foi redigido por uma advogada indignada com as condições de trabalho no Poder Judiciário, e com os mandos e desmandos de alguns abençoados, que se acham donos do poder.

Eu acho louvável que existam pessoas dispostas a dar sua cara a tapa para falar sobre isso. Estruturas de poder, mau-caratismo e privilégios, em todas as esferas da administração pública: essa pauta ainda não vingou em pindorama.

Infelizmente, os meus próprios causos limitam o tanto que eu teria para falar sobre o assunto. Enquanto isso, sugiro fortemente a leitura. É um livro engraçadíssimo. O final, então, nem se fala!

Àqueles que acharem as narrativas (fictícias) um exagero de inverossímeis, eu sugiro que pensem melhor.

Comprei a versão Kindle: R$19,00 pila.   








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