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Mostrando postagens de julho, 2022

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e panelas

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  Eu tenho TOC. Sério. CID F42. Meu TOC funciona assim: eu elejo uma preocupação absolutamente inútil, e só penso nela por um determinado período de tempo. Ruminação, dizem. Uma vez foram as panelas. Li em algum lugar que certos tipos de panela liberavam substâncias tóxicas nos alimentos, então mais importante do que ter uma alimentação saudável, era escolher em qual recipiente cozinhar. Tem para tudo que é gosto: panela que causa alergia, câncer, Alzheimer, Parkinson, chikungunya, dengue, e por aí vai. Pronto. Foi o que bastou. Virei especialista em panelas. Eu sabia tudo sobre panelas; lia todos os blogs e pesquisas científicas (do Google); assistia a todos os vídeos. Eu acordava de manhã pensando em panela, dormia pensando em panela. Se tivesse algum informativo sobre panelas, eu provavelmente teria me inscrito (infelizmente, não encontrei). Eu abria o YouTube e lá estavam as sugestões de vídeos: “5 panelas que você deve evitar a todo custo”, “As 10 melhores panelas pa

Que. Livro. Chato!

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"Pessoas normais" - Sally Rooney Peço desculpas aos fãs de Sally Rooney, mas... Que. Livro. Chato! Eu não costumo escolher minhas leituras com base em modinhas. Já não faço parte de clubes de leitura há algum tempo, porque acho insuportável essa pressão para todo mundo gostar de um mesmo livro, por pior que ele seja. “Pessoas Normais” se enquadra bem nessa categoria. Era tanta propaganda em cima dessa escritora... “Ela é o novo fenômeno literário”, “Ela é a escritora da nova geração”, “Ela deu voz aos millennials”... Sim, Sally Rooney é uma millennial (geração daquele pessoal que agora chegou na casa dos 30), e, sim, também é verdade que ela tem feito bastante sucesso. “Pessoas Normais” foi um campeão de vendas, e descobri que virou até uma série (que eu não tenho a menor pretensão de assistir; vejam o trailer aqui ). Talvez isso tudo tenha incutido em mim uma expectativa além da conta. Vamos ao enredo. A história se passa na Irlanda e acompanha a vida de Mariann

Coisas que só acontecem comigo: bunda de fora

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  Coisas que só acontecem comigo Bunda de fora       Fui na dermatologista revisar a retirada de umas manchinhas que eu tinha na pele.            - Putz, tô atrasada! Visto qualquer coisa, pego a bolsa e me mando para o consultório. Chego lá, a médica me chama. - Tá tudo certo, cicatrizou super bem. - Ah, que bom! - Só continua passando essa pomadinha aqui, ó, e volta daqui três meses. - Certo. Tchau, então. - Tchau, até mais! Volto para a recepção pra resgatar a carteirinha do convênio. Uma moça também aguarda na sala de espera. Fico de costas para ela, esperando ser atendida no balcão. Ela se dirige a mim: - Moça, desculpa a indiscrição... - Oi? Falou comigo? - Sim, moça, me desculpa... Tu sabe como são essas calças jeans de hoje, mal feitas, o bolso de trás gosta de descosturar bem rente à borda... Já aconteceu comigo várias vezes... - Sei. - Então.... Tua calça descosturou bem no bolso, e dá pra ver a tua... bunda! - Ai, não acredito! Olho para trás

"O Sílvio Santos morreu"

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 "O Sílvio Santos morreu" Qual é a primeira coisa que você faz quando acorda? Aposto que pega o celular. D eitado na cama, com os olhos semicerrados pelo inchaço matinal, ainda cheio de remelas, você pega o celular. Não importa que você ainda sinta sensibilidade à luz; não importa que o aparelho vá despejar aquela luminescência ofuscante nas suas córneas recém descansadas. Você. Pega. O. Celular. E o que você olha primeiro? A página de notícias? Redes sociais? Suas aplicações financeiras? Suas mensagens no WhatsApp (quando alguém não resolve antecipar seu trabalho enviando alguma mensagem inconveniente no meio da madrugada...)? Seus e-mails? Meu pai, por exemplo, olha as notícias. É o primeiro a acordar, e o primeiro a anunciar algum acontecimento bombástico ocorrido depois de deitar-se nos braços de Morfeu. A diversão dele, de tempos em tempos, é acordar minha mãe com a notícia de alguma falsa catástrofe -  isso faz ela levantar da cama de imediato no ímpeto de tomar par do

Art. 5º, IV - É livre a manifestação do pensamento, mas depende

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Causos da Comarca de São Barnabé O "Proibidão" Já me perguntaram como eu me organizo nas minhas leituras. Eu gostaria muito de dizer que faço uma criteriosa seleção baseada nos mais refinados critérios literários; que organizo listas; que estipulo metas por gênero, autor e época. A verdade, a mais pura verdade, é que, apesar do meu TOC, eu sou uma anarquista literária. Vou lendo o que aparece; compro livros sem finalizar a leitura dos que comecei; deixo os livros espalhados pela casa (no móvel de cabeceira, na estante da sala, em cima da mesa de jantar, atrás do sofá, até no banheiro). Faço mais: os marcadores de página eu perco todos. Vou guardando as páginas com o que aparecer pela frente: celular, controle remoto, receita de remédio, caneta, borracha. Ficam todos lá, dentro do livro, por mais rotundo que seja o objeto, estufando as folhas. Tudo isso para dizer que eu leio o que me dá vontade de ler . E essa predisposição pode estar relacionada, ou não, ao que estou v

Quem é tu, afinal?

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Nós.  Somos dois. Milena: Não acredita em astrologia, mas bate com a descrição do capricorniano. Fluente na língua do P e estressada crônica com PhD em ansiedade. Acumuladora de livros e ativista pelo direito ao frete grátis. Eduardo: Não escreve, mas põe pilha. Apaixonado por placas de vídeo. Sonha em ser gamer profissional. Enquanto isso não acontece, anestesista nas horas vagas e revisor de blá, blá, blá. Em 2020, durante a pandemia, enquanto todo mundo fazia filho, nós fizemos a Meta Literária (para decepção da minha mãe, que preferia um neto). Começamos lá no Instagram ( @metaliteraria20 ), mas crescemos, e o espaço ficou muito pequeno para o tamanho das nossas bobagens. O nome é “Meta” porque, todo final de ano, colocávamos uma meta de leitura entre nós e ficávamos competindo pra ver quem atingia primeiro, riscando os títulos num caderninho. Simples assim. O Zuck achou bonito e copiou para nomear os sitezinhos dele. Aqui falaremos sobre livros e sobre tudo o que der na telha;